sábado, 23 de fevereiro de 2013


LITANIA

                                       Os meus demônios comem comigo o que eu como todos os dias, 
                                        Por isso, para cada chapéu uma cabeça
                                        Para cada cabeça uma sentença
                                        Para cada sentença um conjunto de palavras
                                        Para cada palavra um sentido.

Eu entendi o sentido da coisa
Dentro do grande ovo de fogo
No caldeirão dos graus mínimo e máximo
Entre um e outro lado do rio estou
Pronto para compreender Satã e saber:
Compreende-lo é compreender-me
A mim mesmo o outro 
E o oposto em mim
E pergunto:

-Como vais, Satanás?
E eu me respondo
Do outro lado no espelho
-Vou por aí andando
Por este vasto mundo
Às vezes aqui e ali
Uma pedra pedro pedrada
Pedregulho pedreira Jó no caminho
Nem alegre nem triste
Mas sempre cruzando pelo caminho
Eu mesmo
Nalguém refletido
Outro ser humano no Grande Caminho
Aqui sobre a terra 
Pra lá e pra cá andando
Buscando em tudo isso 
Algum indício de sentido.
E alívio.

E de desviar o olhar
Num outro instante outro anjo
No mesmo espelho me miro
Sou eu transfigurado em luz e sorriso branco
Me dizendo antes que qualquer coisa eu diga:
-Não temas
E de pronto eu corto falando:
-Não temo nem tenho que temer
Você sou eu mesmo feito em pó
Multis num só
Neste ponto do Universo projetado, carne
E em seguida indago:

O que andas a fazer?
E ele anjo de luz acesa responde:
-Ando por aí 
Por este velho mundo de vigia
Às vezes aqui e ali pedra
Pedro pedrada pedregulho
Pedreira Jó pelo caminho
Sempre cruzando alguém
Eu mesmo no Grande Caminho
Aqui sobre a terra
Pra lá e pra cá andando
Buscando em tudo isso
Algum indício de sentido
Aqui (neste sarau) alívio
Sempre no Grande Caminho
Correnteza do todo em todos da mesma substância
Eu sou você
Somos todos um só no Grande Caminho.



7 de Setembro de 2009 - Lançado Cooperifa **



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