GIRAMUNDO
Eu me deito e me levanto
Eu recito e falo alto
Cordel palavra de encanto
Cordão de vogais ornato
Trama de consoantes manto
Dourado céu tão raro
De estrelas sóis e diamantes
E tudo ao mesmo tempo claro
Como um véu que se abre num instante
E instantes depois já é passado.
Eu me sento e me levanto
E ando pelo mundo
Farsante da minha própria farsa
Atuante ator de mentira e tanto
Mais cedo ou mais tarde
Com ou sem alarde
Eu me vejo e me espanto
Ao espelho quebrado o covarde
Pelo chão em pedaços helianto.
Eu me levanto
Ando estradas plantadas de girassóis
Por girassóis de Van Gogh ladeadas
E entro paisagem moldura adentro
Os sóis girando amarelos pintados`
Por Van Gogh aos olhos
São mais belos e exaltados;
E reconheço nela o sonho
Sobre a tela a beleza do ato
Pousar sobre campina de espigais
Brancas mãos de luvas brancas
De algodão doce tato.
Eu me deito e descanso
No teto pregadas as pálpebras
Nem sentença raiz ou álgebra
Somente acalanto e amanhã.
Eu caio e me levanto.
28 de Setembro 2009 - Lançado Sarau Binho
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