sábado, 23 de fevereiro de 2013


COMENTÁRIO CHUVOSO A UM POEMA DE PESSOA

Chove
Dentro e fora da minha alma
Fora a seara de palavras
Dentro o que ainda não foi achado
Tanta coisa ainda por conhecer
E ainda amar um pouco mais.

E chove
Dentro e fora de algum lugar de mim
A lembrança 
Teu sussurro sussurro na minha boca
Outro sussurro
Dentro e fora 
O que jamais será revivido.

Chove
E assim tem sido
A dificuldade da rima é sempre a mesma
É pobre ou é rica
Encontrar o par (não precisa ser perfeito)
Entre o esquerdo e o direito
Encontrar o par (não precisa ser perfeito)
Entre o substantivo e o verbo
Encontrar o par (não precisa ser perfeito)
Entre eu e você
Tantas planícies, tantos abismos.

No entanto, chove
Chove em mim lá dentro e cá fora
E todas as coisas estão molhadas do marulho da chuva.

Chove, dentro e fora
E preciso voltar para casa
Entre tantas moradas d'alguma saí
Sim, saí de algum lugar mas não sei d'onde
Não sei se vim por vontade própria ou forçado
Quem sabe da África
Talvez da Ásia, mais provável América do Sul (Aqui sarau)
Onde o barro e o pó de ouro se misturam
Misturadas na terra todas as cores se pardam as diferenças.

E chove e sigo
Ainda que não saiba
Caminho em círculo
E sigo pensando estou indo em frente linha reta
Desde que nasci 
E ainda antes sobre a terra andando em círculo
Morrerei caminhando círculo
E sigo meus passos colados à face da terra
Pensando poema 
Estou indo em frente linha reta
Circulando.


8 de Setembro de 2009 - cooperifa/politeama/binho/maloqueirista

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