INTERROGAÇÃO
Considerações de uma consciência negra
ruminando na noite negra
o negro volume da história negra do Homem
sobre a face desta terra negra de homens pretos
brancos amarelos e vermelhos.
Perdi o passo na esteira do tempo
Tropecei
Em pedaços de fígado baço intestino
Me estatelei de cara no paralelepípedo do destino
E viver em minha carne
As partes decompostas
Desconjuntadas
-Quem haverá de responder por esta saga?
Esse parir cada dia no limite
Entre a dor
Sem dúvida
Alguma
Alegria
E entre elas a famigerada
Chama/da esperança
E entre todas
O caos próprio à natureza das coisas
Nascer procriar morrer
Sim, que deve haver causa muito nobre para tal criatura
Senão eu esta aberração chamada Homem
Portador da mesma boca que beija na augusta manhã
Para na tarde cravejada de pregos escarrar.
Nasci então
Acaso
Para experiência dalgum cadinho de alquimia?
Estou então nas mãos de deus?
Um deus voraz e comedor de castanhas nas manhãs de domingo?
Que coisa mais esquisita isso feito em meu ser
Espelho olho nos olhos meu irmão humano e eis claro:
-O amo, ele sou eu
No entanto mau viro ele me crava a faca nas costas
Já não sei quem é ele
Nem sei mais quem sou eu
Abel ou Caim
Eis me aqui condenado à dupla face
Estranho paradoxo enigma segredo
Mistério oculto arcano
Ou plantação de véus das mais variadas gradações
Loucura delírio de um deus amalucado
Emaconhado de fumaça verde
E chapado de idéias abstratas?
Afinal, o que sou eu?
7.12.2009
lança sBinho, 7.12, com Ariel /Politeama9.12
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