sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

INAUDITO

Vou vender tudo.
Vou vender minhas armas de fogo
Vou fazer dinheiro do 22 que carrego na perna
Do cano curto 38 da cintura vou me desfazer
E a .40 vou doar a uma instituição de caridade.
Vou vender minhas armas brancas
E as negras também venderei
E as vermelhas de sangue
E as amarelas de alegria
As verdes de esperança e nuvem
As lilases de tortura
As anis rodeadas de anéis de céu
As venderei todas
E com nenhuma ficarei
Em mãos que não sejam
A sombra.

Vou vender tudo
Vou vender os pincéis de graça
E como quem ejacula onan ao chão
Vou jogar as tintas todas sobre a face da terra;
E as telas vou vendê-las num sarau-quermesse de puteiro.
Tudo a preço de vai acabar. (E vai mesmo).
O violão darei a um mendigo idiota.

E por último, que eu deveria fazer em primeiro,
Vou largar dessa merda de achar que escrevo poesia.

06.01.2017**




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