segunda-feira, 10 de outubro de 2016

POETA

POETA

Acho que me levantei meio bêbado ainda;
Ainda que nada tenha bebido na noite passada.

Sei que tive sonhos turvos,
Pesadelos peso pesados 
Porre de poema em linha reta.

Vede que absurdo destino,
Acreditei-me poeta
E quis convencer o mundo inteiro disso e pior:

Gastei suor, lápis, giz, 
Decorei  prosódia declamei prosopopeia,
Fiz revoluções de bolso acesas em palitos de fósforo,
Desfraldei bandeiras de fogo ao céu e léu
Ao som de hinos febris em letras de sabor gris. 

Fui amante das palavras
E por muitas e muitas mulheres amado.

E de ser homem
Nas mulheres fiz filhos e filhas.

E de me fazer poeta
Das minhas amantes -as palavras,
Desgovernei-me em alucinações e escrevi maus versos.

Ainda bem que acordei.
Ô dor de cabeça da porra!
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