segunda-feira, 10 de março de 2014

IMPRESSÃO


E ela me deu assisti-la,
Sua poltrona costurada de silêncio,
Coroada de solidão à sombra da sala
De sua vida os dedos de luz de um poema
Sentada à frente de versos em linha reta
Verbo e língua
Entrecruzadas entre as pernas cruzadas
Poesia de curvas e desvãos calados em cadeados
E calada a palavra se deitando ao fim da tarde
E tuas mãos quase tristes me olhando,
Mãos acesas que na distância  beijaram meus dedos
E minha boca bebendo de tua sede o sumo da uva
Se debruçando ao vento janela de nuvens
Carícia de folhas se abandonando ao vir-a-ser,
E a entrega a um silêncio primitivo
Quase silêncio de crepúsculo mandacaru  e rosas de gelo,
Um silêncio em que se podia ouvir
Mozart Bach Beethoven Mahler,
Juntos em silêncio compondo a voz do silêncio.

09.03.2014**

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