quarta-feira, 19 de junho de 2013

VAIDADE

Eu, que sou um homem afeito a efeitos de vida
Com regras ao Rei Salomão encomendadas
O mesmo que bem dizia
 "Tudo é vaidade".

Portanto
Tudo quanto conto
À rima e maneira deste versos quebrados,
Senão toda a verdade
Creiam no que digo
Nada minto, quando muito omito;


Logo, vou contando, 
Eu, que quando tinha lá menos anos do que hoje
Com suspeita, maldade e ironia
Rindo eu via o que o dono da bola fazia
Rei Pelé arrancando do cocuruto pelos brancos
Isso eu via na fotografia, ria e dizia:
-Ridículo, isso não!

E logo depois, passado um ano ou dois
Lá estava eu ao espelho
Rídículo, caçando pelos brancos nos cabelos
Com a pinça na dor arrancando
Sem apelos tirando das suíças os brancos pelos.

E também vi os que nas perfumarias
Ávidos levavam tinturas escuras;
Eu olhava de soslaio e pensava superior:
-Isso não.
Para então logo despontar na cara
Não um, mas dezenas de fios brancos
E lá estava eu
Solene a bater balção de botica
Atento a perguntar como se fosse para um terceiro:
-Existe tinta para pintar bigodes?

Agora:
Eu não tinha esse apêndice protuberante
Não, eu não era barrigudo
E isso tem sido estressante:
Seja para cavalgar
Seja para amarrar do sapato o cadarço;

Pior é que andei vendo umas  propagandas na tv
Uns caras vestindo uma cintas elásticas
Coisa esquisita essa de bandana de barriga...
Não, barrigueira não, isso não, de jeito nenhum, não!

E tem outra:
Eu não era careca
E alguns amigos andam...

Ops, parô, parô, parô, 
Pode parar por aí
Isso não, isso também não
Peruca, nem pensar
De jeito nenhum, não.

Aceito implante.

Outubro de 2009

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