PORÃO
Parei diante da porta;
Ao abri-la deparei-me com mim mesmo.
E como num transe vi minha boca beijando outra boca.
Apalpei algas de seda espalhadas pelo mar
E vi escandescidas de luz a forma das coisas,
Peixes voadores,
Nascentes de sol se esparramando pela terra.
E testemunhei a lida dos homens
E o trabalho das mulheres, incansáveis parceiras,
E vi o que vivi entre elas,
Tantas coisas, tantas, muitas e muitas,
À sombra da distância do sóis se arrastando,
Em meio aos sapatos, escuridão, verbo
Palavra, inocência, tantas palavras,
Porta aberta diante de mim mesmo.
28.12.2012
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