VIAGEM EM TOM DE BLUES
Eu tenho dezenove mil e quinhentos caracteres
À minha disposição
Etérico banquete de palavras
Por entre lábios
Por serem anunciadas
Sobre a mesa das densas condensações;
Entre si côncavo convexo
E ao longe a sirene tocando
Abrindo caminhos entre mandíbulas férteis
Pastagens douradas cobertas de estrelas
Desconhecidas paisagens entre olhos raros
Pequenas jóias entreabertas de luz
Pérola pingo de prazer dor olhos molhados
Um toque da tua boca em seda um blues
Estrelas queimando
Deixa assim estar afinal
O universo inteiro está uma explosão.
Da tua boca infusão tabaco cevada centeio
O beijo que tu me deste me pegou
De um jeito assim que só eu sei, garota
O que te pedi e me deste, garota,
Me veio de um gosto
E de um outro jeito
De um jeito, garota,
Acredite, que só eu sei.
Nem liga menina,
Se bebeste um pouco a mais
-E daí que mijaste na calçada?-
Somos todos carentes
Às vezes é assim mesmo
Temos problemas demais,
Mas não te liga em mim
Sabes como é, vida largada, sem destino
Afinal, de tudo o que vale é isso,
Momentos de ardente intensidade,
Um amor à moda antiga, saudade.
Então, vai pra casa, garota
E quando for madrugada
A folha almaço desenrolada
Em branco a noite negra estrelada
Não te enganes, garota,
Umas belas outras raras
São apenas palavras
Como eu, vento passageiro, mais nada.
l6 de setembro de 2010
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