quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013


TRIZ

Três da manhã,
Noctivagando reflexo no espelho,
Virtuais amizades invisíveis,
Amores vagos, improváveis,
Estampada na tela líquida solidão.

Quatro da manhã,
Deitado em minha cama de solteiro,
Deletando da mente triângulos impossíveis,
Nada em mim é inteiro,
Inteiro sou pedaços, cacos, versos,
É certo, já chega outro janeiro.

Quatro da manhã,
Num salto lépido me levanto,
Claro percebo,
Já foi meu tempo de criança.
Me resta beber, até a tampa
Encher meu copo de erros,
Doce fel grito na garganta,
Só se acerta errando o viver.

É se é madrugada, errante vou,
Subo nos telhados gato pardo,
Derrubo vasos,
Derramo pétalas prímulas pelo chão,
Recolho entre seixos as pérolas,
Da minha pele faço inventário de cicatrizes:
O amor é antes gozo, diversão e alegria.

Seis da manhã,
O sol de luz a manhã reveste,
À minha frente o vidro polido não mente,
Da responsabilidade jamais serei mestre,
Quando muito desta vida
O incerto, a encruzilhada,
Bifurcação de três caminhos.

Sete da manhã,
Dormir o sonho de um ninho,
Desses dias só o que levo é ser do amor menino,
Mais que silêncio, verso mudo ou surdo,
O que carrego é grito de liberdade e alforria.

Meio dia,
Mais um dia,
O abismo resvalando em mim,
Risco é caminhar no arame ao vento,
Lado a lado seguir a corrente,
A vida por um fio,
Por um triz quase ser  feliz.

28 de maio de 2011




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