NEÓFITO
Ossos de areia e vento
Em prateleira de árvores me deito.
Durmo sementes de luz e algas
Sonho espectros de água e coisas:
Calças de carvão acesas
Abridor de latas enluarado
Versos crivados de rosas
Paisagens de nuvens alagadas
Auroras úmidas de alegria
E sóis espocando via-láctea afora.
De acordar meus olhos
Navego campina de cisnes
Brancos e negros sóis
Entre mãos colho
Noturna memória
Descubro-me caixa de abismos.
Soa a hora letal
Retinir de gonzos
Rangido do portal dos séculos
Sobre minha cabeça branca brancura de paineiras
De velar os dias o labirinto se revela:
Pó da minha carne
Pó dos meus ossos
Pó de hera
Pó das minhas eras passadas
Raiz de musgo e só.
28.02.2009 **
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