sábado, 23 de fevereiro de 2013


LEI SECA

Junho 29th, 2008 at 4:54 am  (Publicado originalmente no "FIZTV")

Uns dizem, a lei é seca demais, dura demais, assim não é possível, de mais a mais nem enxaguante bucal, nem bombom , ah é menos de um decigrama por litro, assim não dá, como ficar maluco beleza e logo lembro dele naquele corcel, não sei se roxo ou vermelho naquela praia, mas não tem jeito que isso aqui é o meu país, quem disse eu vou tomar uma só, e logo entra outro maluco na fita, eu não bebo não fumo não cheiro, só minto um pouquinho, põe a mão na consciência, mano, de outro jeito não vai valer, que o que impera é do brasileiro o jeitinho, não tem jeito, se vai dirigir não beba, se vai beber não dirija, além do mais já tá provado, você pode até achar , mas se encharcar de álcool não torna o indivíduo maluco beleza, ao contrário, seja ele seja ela, o que se vira é besta humana fera, mas daí vai falar eu vou tomar só uma, me engana que eu gosto, quanta esperteza, tá mais claro que sol batendo no espelho, volante com álcool não combina, num país de milhões de pés-de-cana só se pode semear uma certeza, na rua na avenida na estrada na rodovia, tolerância zero é caminho de ida e volta, não pode dar moleza, não tem que ter dó, seja destilado ou fermentado álcool é foda e quando esse bicho pega não tem retorno, é rato entrando de cabeça na ratoeira arrastando no rabo amarrado para a morte vidas , tirando das coisas qualquer noção de beleza.




MAGIA

Mágico é quando ela me olha de lado,
Eu sentado do outro lado
A mão estendida tentando alcançar a dela
Numa braçada querendo abraçar um abraço nela.

Mágico é quando recordo,
Em sonho, os doces carnudos
Impossíveis tesudos lábios e,
-Ô moleque besta!-
Quando acordo percebo,
Tarde demais estou todo molhado.

Mágico é quando olho ao redor,
E vejo tanta tv, tanto lcd,
Tanto mago, tanto plasma,
Tanto lsd, tanto êxtase,
Tanta canabis sattiva indica
E eu aqui sem ela e sem mais nada.

Mágico em minha vida é a função
Do impossível acontecer acontecido,
Porque lúdica e lúbrica, 
Flexível palavra ao vento vertebrada.

Mágico em minha vida é,
Eu ao espelho,
Nem Ulisses nem Narciso
E sim da vida palhaço desdentado,
Correndo da vida vagas e tempestades
Em desalento gritando insano,
Dentro da  noite gargalhadas nas noites inacabadas.

Mágica em minha vida
É a certeza absurda de ter tido-a e comido,
Manjar de espumas e papel de seda entrededos,
Pelo ar alguma brisa verdejando perfume de relva molhada
Entre estrelas do céu na minha boca acesas espalhadas.

Mágico em mim é quando beijo as gotas de chuva
E na lembrança revejo dela os olhos dourados
Da mesma chuva molhados,
Lágrimas.


Publicado originalmente no Fiz Tv em l de julho de 2008/Releitura 14 de janeiro de 2011 **

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