CAMINHO
Madrugadas beirando o precipício
Coração batendo o batuque na urgência do limite
E ao longe a ambulância gemendo encruzilhadas
A emergência das feridas caladas
Vestidas na angústia do corre das horas
Uma após outra dobrando esquinas
Se enfiando pelas entradas cortando caminhos
Engolindo da vida as saídas
Que eu sei
Você sabe
Todos sabemos
Elá virá
A última delas
A saída derradeira que vai dar entrada para aquilo que agora é o nada,
A última saída que vai abrir o portal do desconhecido.
Madrugada e o café frio soa amargo
No rádio um samba dizendo: "Seja como for, sem medo de sofrer",
A razão das coisas habitando cada item colecionado nesta vida
Paredes, cadeiras, mesas, canetas, armários, pó
E a cabeça atormentada
Acossada e em busca de resposta para mistérios tais como:
Se a vida é apenas isso
-É simplório, eu sei-
Então não é difícil ser feliz;
Para isso basta uma guitarra
Mulheres, alguns amigos
E poesia para celebrar o dia.
Nada mais.
E lá no fundo aquela pergunta repercutindo
Em minha alma e coração batendo o repique
Eco nas profundezas do batuque no abismo:
-Quem é o criador da escuridão?
16 e 24 de julho de 2010 - Lançado Cooperifa/ Sarau do Binho
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