Tantas palavras à minha disposição,
Quiça pra mais de quatrocentas mil,
E eu quero dizer alguma coisa com elas
Mas não sei como fazê-lo.
Fosse poeta as pegaria e feito selo no papel as pregaria
E faria delas exame de lupa à luz do dia
Quem são, de onde vieram, para onde vão.
E sobre a folha eu veria clara
A imagem estampada de palavras,
Novelo de linha embaralhada de alegria e alguma certa tristeza.
Mas não tenho habilidade nem graça,
E além do mais há que dizer,
Não sou tão tolo que me auto proclame "poeta",
Afinal o ofício da palavra escrita é a exaltação do profano,
Máxima consagração de asceta ao que é sagrado.
E eu só tenho em minhas palavras o insano,
Sobre minha cabeça que insiste em pensar que pensa
Céu coberto por um incêndio de nuvens acesas,
Sobre o chão estendidas palavras escalavradas
Morada de silêncios, punhais infames belezas.
E outras mais eu não escreverei
Que não sei como se fosse poeta fazê-lo,
E basta uma palavra,
Por ela,
Língua,
Zelo.
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