NAMORADA
E depois de passar horas a contemplar,
Por um momento me sento à mesa
E de sopetão escrevo o que acabo de escrever.
E já sabendo,
Há em mim um contínuo descontentamento,
Um saber que não se sabe e não se resolve,
Que é querer escrever o que penso não saber escrever.
Na verdade eu não sei mesmo, só isso.
E no entanto tão fácil seria resolvê-lo,
Tanta palavra por aí deserdada, sem dono, sem casa;
Poderia pudesse eu adotar umas mil,
Com elas fazer o que quero escrever,
Mas não sei como escrever a inspira,
Não sei como me me fingir de poeta,
Cavar agasalho na língua entre a verdade e a mentira.
Achar a palavra certa na hora certa
Dar água ao camelo na hora precisa
Desenhar nem que seja de um jeito torto uma linha reta.
E de enfeita letras de ouro e brilhantes no dizer escrito:
-Estrelas: para que tê-las se entre todas não tenho a eleita?
11.06.2017
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