CHOQUE
Ó Senhor, acordei com a boca amarga hoje,
Mal me levantei disparei palavrões para todos os lados.
E cansado, recordei o que vi.
Ódios incomuns entre homens seus iguais,
Seja o motivo comida, bebida, verso, poesia, boêmia ou trabalho,
Habitadas por mulheres de corações supurando venenos escuros e letais,
Olho vazado no olho da vida real,
Língua ferina serpeando entre lufadas de invejas impregnadas de desejos insatisfeitos,
Na rede virtual entremeada de quatro paredes,
A real solidão das faces iluminadas de vazio,
Vigília inútil dos que velam velas sem rumo,
O book repleto de falsas feições,
Retratos sortidos de narcisos e narcisas enfeitados de outras intenções,
Pelo fogo-fátuo engolidos on-line,
Prisioneiros na precisa moldura retangular da lucífera luz.
Cobrindo-se do pano roto da vaidade enfurecida,
Personas esquecidas de si mesmas nos labirintos do próprio ego,
Em meio às salas da sede insaciável regurgitando ilusões,
Almas escondidas sob o tapete de segredos mal contados e outras mentiras.
E por aí foi, Senhor, uma madrugada viva de pesadelos,
E já sei, não canso de lembrar, tenho que comer do suor do meu rosto,
Logo tornarei à terra, pois assim é, assim disseste:
"Pois desta foste formado,
Porque és pó e ao pó tornarás".
Sim, Senhor, tudo isso e nada disso,
Porque tudo isso é nada.
E olho de esguelha para a tal da humildade, ela quieta lá encostada, Senhor.
E penso na maldade humana.
Cruzes, eu humano penso.
Então é nisso, Senhor, que estou pensando agora,
Por que nesta madrugada fui testemunha daquilo que humano sou.
data?
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