domingo, 22 de janeiro de 2017

IMPROVISO À LUZ DA CHUVA

Todo o céu está molhado
E a terra  intumesceu de umidade;
As folhas se dependuram pesadas das árvores
E as raízes estão inchadas do que beberam.
Chove.
Minha alma olha pela janela e mira os céus
Minhas retinas vêem as gotas d'água traçantes 
No espaço desenhando linhas verticais
Incontáveis
Todas vindas do alto até tocarem a palma das minhas mãos.
Chove.  
E tudo é água que se espalha arrasta invade inunda 
Da vida os corredores e os quintais e os varais
E todos os caminhos.
Água que afaga
E afoga.
E chove das horas as lembranças as melancolias
As inexplicabilidades do que se existiu ontem
E hoje já não se sabe do que ontem foi vivido.
Chove a memória de horas antigas
E ainda que pareçam tantos os dias vividos
Quão poucos e fugidios na verdade o foram,
Igual a chuva.
Chove.
A água se escorre entre as artérias da minha alma
E amanhã haverá o sol para revelar que o escuro de hoje não existiu.

22.01.2017**




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