sábado, 5 de novembro de 2016

A MERDA

O PIOR E MAIS MAL SUCEDIDO ENCONTRO QUE PODIA ACONTECER
Pisei na merda. Em cheio. A ninguém talvez interessar possa, então vou contar para registro, porque acontecido inusual e, espero, que não volte a se repetir. Mas aconteceu.
Domingo, festa do encerramento da 9° Mostra Cultural da Cooperifa, Largo do Campo Limpo lotado, festa pura da periferia para a periferia, onde o fazer humilde da pessoas anônimas faz acontecer coisas belas. Como havia marcado um compromisso com um amigo, passei a procurá-lo, e isso foi uma diversão, pois que fui encontrando pessoas ao longo do caminho que fazia, em frente às barracas e em rodinhas em volta das caixas de bebidas. E fui indo em direção ao palco, até que, de longe, vislumbrei uma conhecida; ia passar direto, mas como a menina em questão sempre me foi simpática, achei por bem me aproximar para um rápido cumprimento. E assim o fiz, e percebi, naquele instante o desconcerto dela. Naquele espaço sombreado de árvores e longe da luz direta, ato contínuo me virei para cumprimentar a pessoa que estava com ela, estendendo a mão e sorrindo, mas o que recebi de volta não foi outra mão estendida, mas sim o recrudescer de braços cruzados. Foi então que firmei os olhos e pude ver com clareza quem era quem eu não havia reconhecido. Era a própria víbora revestida de carne humana, fulminando dos seus olhos em minha direção milhares de setas envenenadas de ódio e amargura. Era ela, a ex-mulher do paxá-agitador-cultural- que só aparece depois que tudo está pronto-, aquela que gosta de espezinhar, humilhar e chamar os
mais servis de filho-da-puta. Aquela, em que no dia do lavapés chorou em meu ombro que o marido "agitador" não movia uma garrafa de bebida sequer, enquanto ela e outros é que
tinham que arcar com todos os serviços no bar. Era a mesma víbora com a qual eu havia rompido relações desde que ela, dedo em riste e durante uma festa em casa de amigos, me ameaçara de não mais me chamar para os "eventos" que saiam em nome do ex-marido.
A mesma víbora que, insidiosamente, me convidara para uma festa de aniversário na casa dela, para lá então vir me dizer coisas que não diria fora de lá, como, por exemplo, o mal estar que um certo hóspede provocava.
Bem, um vez reconhecido isto, a única saída foi reconhecer, caralho!, porra!, que merda!, pisei na merda!; balbuciei qualquer coisa como "desculpa aí" pelo embaraço causado a quem primeiro fui cumprimentar, e fui saindo.
Logo à frente encontrei outro grupo de amigos, com eles comentei o acontecido, quando um deles disse de um modo augusto: "alguém perdeu a oportunidade, humildade é ouro raro".
24.10.2016

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