segunda-feira, 26 de setembro de 2016

PRISIONEIRO DO INFINITO

Eu não estou onde penso estar.
Vivo deslocado, 
E é como se eu fosse pedra fora do leito do rio,
Cabeça fruto e vítima de desarranjos cerebrais
E confusões que me fazem me perder em meus próprios caminhos.
Me procuro em buscas noturnas via artérias da vida,
E quando encontro o motivo tal motivo já não o é,
E outra vez pergunto: 
-Que motivo maior seria esse se o ignoro por completo?
E todas as artérias, as do meu sangue, da terra e do céu e do mar,
Todas elas se configuram em feixes de labirintos,
Fachadas falsas e rutilantes feitas de barro,
Desde o rosto humano com que me defronto,
Rosto que por vezes temo e odeio por não saber o que é,
Nem de onde ele vem nem para onde vai.
E nada, absolutamente nada faz o menor sentido diante do que vivo,
Nem o saber que há uma estrela um bilhão de vezes maior que nosso sol bem  ali ao lado.
E se faz sentido, outro sentido busco no que sigo.
Desdobro-me em sonhos, desfio litanias e acordo seco de olhar,
Ainda que saiba quão longa longa será a madrugada.
Quando percebo já se faz tarde 
E a parede que se alevantou diante dos meus olhos,
Diante dos meus olhos se torna muralha de prisão.

E eu não estou onde penso estar.
O que há em mim por dentro,
É o vazio,
Um vazio prenhe e preenchido de sombras voláteis,
Fluídos sem forma que se arrastam diante da minha retina,
E o que vejo, antes vago,
Por vezes claro se torna igual luz do sol,
Nada menos nada mais que o imenso vazio,
Um vazio em que cabe a lua, os astros, as estrelas,
E tudo quanto há espalhado pelo espaço sideral
E ainda mais o que não pode ser alcançado pela vista.

E eu não estou onde penso estar.
Por que onde penso estar nada está,
E é o mais completo vazio,
O vazio de um universo inteiro cravado em meu peito,
E que não compreendo.
Que quando penso compreender
Não o é compreensão,
Mas sim o que é,
E é o vazio repleto de todas as coisas passageiras.


26.09.2016**

Nenhum comentário: