quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

ECLESIASTES 2014 

Ainda há réstias de manhã espalhada pelo tapete deste novo janeiro.
As moscas, parecendo estar bêbadas
Em círculos se debatem às tontas nas ondas do calor,
A língua do sol lambendo a terra com a preguiça dos feriados,
E como todas as coisas com nome e número
Este dia que caiu numa quarta feira da semana
A folhinha nova da drogaria lembrando queijo faixa azul
A marcar o calendário com precisão,
Dia 1, confraternização universal.

E de ainda haver um resto de manhã
Tanto mais queria aproveitá-la e ser mais justo 
E otimista,
Um guerreiro,
Valente mesmo,
Até mesmo um Eike Baptista eu gostaria de ser,
Afinal,
É ano novo,
Ano de belo número
2014
Dois mais zero mais um mais quatro
Dá 7
Um número mágico-místico,
Mas e daí,
O que isso tem a ver com aquilo,
Que tem a ver isso com o falido bilionário aqui referido?

Não sei,
Mas queria juntar tudo em minhas mãos e dizer,
Eis toda minha fortuna,
Haveremos de ser felizes,
Sim,
Nalgum dia sê-lo-emos,
E será inda agora, neste ano,
E já que é ano do cavalo,
No pelo ou encilhado que ele venha
Montar-lhe-ei seja em couro ou sela
E seguirei.
E seremos juntos.

E sigo e observo,
O mundo é vasto
E o que encontro não são pedras no caminho,
Antes, postes no meu caminho,
É o que há plantado nas calçadas de São Paulo,
Postes no caminho.

E de juntar tudo isso
Igual como se fosse tudo recolher com uma pá de lixo,
Todos os estertores de dores
E também os extremos de alegria,
As falsas e verdadeiras -o que importa?,
Acaso não são as dores de uns 
D'outros as alegrias?

Afinal passará,
Sim, tudo já passou,
A manhã há muito já se foi,
Vou ler Eclesiastes, 1-2,10.

01.01.2014

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