Ainda há réstias de manhã espalhada pelo tapete deste novo janeiro.
As moscas, parecendo estar bêbadas
Em círculos se debatem às tontas nas ondas do calor,
A língua do sol lambendo a terra com a preguiça dos feriados,
E como todas as coisas com nome e número
Este dia que caiu numa quarta feira da semana
A folhinha nova da drogaria lembrando queijo faixa azul
A marcar o calendário com precisão,
Dia 1, confraternização universal.
E de ainda haver um resto de manhã
Tanto mais queria aproveitá-la e ser mais justo
E otimista,
Um guerreiro,
Valente mesmo,
Até mesmo um Eike Baptista eu gostaria de ser,
Afinal,
É ano novo,
Ano de belo número
2014
Dois mais zero mais um mais quatro
Dá 7
Um número mágico-místico,
Mas e daí,
O que isso tem a ver com aquilo,
Que tem a ver isso com o falido bilionário aqui referido?
Não sei,
Mas queria juntar tudo em minhas mãos e dizer,
Eis toda minha fortuna,
Haveremos de ser felizes,
Sim,
Nalgum dia sê-lo-emos,
E será inda agora, neste ano,
E já que é ano do cavalo,
No pelo ou encilhado que ele venha
Montar-lhe-ei seja em couro ou sela
E seguirei.
E seremos juntos.
E sigo e observo,
O mundo é vasto
E o que encontro não são pedras no caminho,
Antes, postes no meu caminho,
É o que há plantado nas calçadas de São Paulo,
Postes no caminho.
E de juntar tudo isso
Igual como se fosse tudo recolher com uma pá de lixo,
Todos os estertores de dores
E também os extremos de alegria,
As falsas e verdadeiras -o que importa?,
Acaso não são as dores de uns
D'outros as alegrias?
Sim, tudo já passou,
A manhã há muito já se foi,
Vou ler Eclesiastes, 1-2,10.
01.01.2014
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