quinta-feira, 21 de novembro de 2013
CAMINHOS III
Olá, amiga,
Ainda mais uma vez me foi dado escrever-te.
Ainda desta vez venho mais uma vez a você,
Escuta-me:
É madrugada em meus pensamentos
E é madrugada em todas as coisas,
Neste exato momento em que o silêncio dorme
Cães a latir nas distantes distâncias,
Meu pensamento a pensar o que talvez não deva ser pensado,
Ou ainda,
Meu pensamento está a pensar o que não pode ser pensado.
E nestas vezes,
Em que creio estar pensando errado,
Errante me deixo levar pelos caminhos
Os mesmo de sempre
E tantas vezes de outras vezes já trilhado.
As mesmas perguntas em outras transmudadas,
Que em verdade são aquelas mesmas velhas perguntas,
As mesmas de sempre de outra forma perguntada,
E sempre, tanto de um jeito como de outro
Jamais respondidas.
E não contente de buscar o que inexiste,
Ou o que talvez possa existir além do limite,
Escalavro palavras,
Em água e sal lavo cada palavra,
Como se cada palavra fosse exposta ferida,
E a folha de papel em branco por escrever
Da vida o ensaio para o abismo.
E ainda que haja dor neste estar abismado com as coisas,
E minha alma se retorça e soluce o inconsolável,
Ainda que veja com a clareza de um raio de sol perfurando a retina,
Sou como um viajante cego de bússola perdida no deserto,
Em meio ao deserto a me descobrir náufrago de mim mesmo
Oceano.
E de estar assim, em meio ao deserto,
Chove;
Assim como chove lá fora e as águas correm,
Chove ventos de areia em meu pensamento em dentro em mim
E penso,
Um homem pode morrer sufocado por um grão de areia.
E penso em todas as verdades que existem ao meu redor,
E são tantas as verdades,
Tantas e tão verdadeiras quanto no mar e no deserto os grãos de areia.
E nenhuma de todas as verdades me serve agora:
Ainda que meu pensamento,
Forrado de véus e tormentas,
A mim me diga o pensamento:
A resposta certa está num único grão de areia.
22.10.2013**
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