quarta-feira, 30 de outubro de 2013

ÁRVORE

É sobre o mal e bem que tenho pensado,
E igual um lençol costurado de interrogações,
Sobre eles me debruço dentro da noite escura.

E fico a pensar,
-E não sei o que importa pensar isso-
Mas não importa,
Penso se Jesus na cruz teria pensado,
-Acaso estou a sofrer e suportar a dor do mal absoluto?
Mas querer pensar e estar a pensar o que pensou um Deus,
E ainda por cima um Deus pregado numa cruz,
Diriam, ignomínia,
E eu digo, 
Um Deus pregado numa cruz rodeado de homens,
Que cena!
Homens que não eram nem maus nem bons
E eram maus 
E eram bons
Porque eram apenas homens.
E haviam comido de um fruto que era o bem e o mal.
E é assim que é a história
Homens foram feitos para comer maçãs envenenadas do mal
Já nelas embutida o antídoto, o bem.
E depois serem expulsos do paraíso.
Para isso foram feitos os homens.
E então partiram os homens numa bolota de poeira e sal
E sobre a face da terra foram condenados a viverem
Os homens o bem e o mal.

E penso naquele instante
Aquele mesmo em que se interrogou sobre si e sua missão,
-Passarei esta fase, pai?
Passa.
Passou.
E penso o que teria pensado o outro ladrão,
Aquele pelo qual, humano que sou, tenho compaixão,
Pois ninguém sabe para onde foi,
E não saber para onde alguém foi é triste,
É tão triste quanto morrer e não se saber para onde ir.

E com a face virada para o sol,
No mal e no bem penso,
Sal.

20.10.2013


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