Jesus chorou naquela parada
Ao canto dispara a palavra Mano Brown
Dentro do bar cercado de som e fumaça
Vozes de saída e chegada
O movimento crescendo o alarido
Na grelha a carne assando a fome
Se espalhando pela praça a alegria.
Mas não é porque Jesus chorou,
O ambiente lotado de gente,
Que vou chorar agora,
O vento carregando em sua asa uma lágrima,
O som de um soluço e a pergunta averbada:
O que faz o vento?
Acaso de verdade o vento gargalha e chora
Ou será possível que tudo quanto carrega são tempestades?
Não sou o vento
Não carrego mistérios
De palavras e rimas vivo impregnado,
Sou água que ao vento se mistura
Se alastra e se derrama,
E sobe aos montes
E se eleva às montanhas
E nas manhãs quentes se regala e volta ao mar.
E já são outros os tempos
Outras venturas
Outra a porta de entrada
Saída levando a um colo negro
Ou branco o peito de aureólas rosadas
Bicos intumescidos ao céu por serem beijados
Outras ondas douradas dobradas onde o vento faz a curva
Neste bar em volta o mundo brilhando na fumaça,
Não há porque chorar agora
Racionais rodando na vitrola do bar,
Jesus chorou.
06.04.2013
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