sexta-feira, 1 de março de 2013


JARDINEIRO

Observo que os jardineiros são solitários.
Ser jardineiro é intrínseco à solidão.
E quando falo de solidão, de que falo, senão da solidão que 
a alma humana sente ao sentir a falta de outro ser igual a si
para compartilhar momentos?
Às vezes a solidão se veste de multidões,e até
parece que a solidão se dilui em meio  àquela
imensidão de solidão.
E a emblemática pergunta bate na cabeça, como um gongo
que soa distante outras paisagens distantes.
-O que que é que eu estou fazendo aqui?
Mas a pergunta não tem hora para aparecer,
e o estranhamento pode se dar nesse mesmo instante.
Mas este é o estranhamento: dar-se conta de que
aquele instante já passou.
E que o presente é a única coisa que realmente podemos
partilhar.

Agosto de 1999 - Organiza - 05.03.2011

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