segunda-feira, 25 de março de 2013

FORQUILHA

Sobre a folha em branco do papel
Tela branca pinto o desenho de palavras
Igual espalhasse tinta no quadro com o pincel.

É só ver a imagem nela dita.

Ide, vá ver o nascente dos pássaros
O brotar e aquele instante em que se se parte
E no outro se expande em círculo
E pés são os cabelos
A cabeça o ventre
Tudo o mais no outro dissolvido,
Assim, no papel o quadro pintado:

Ide àquele momento em que o sol se entrega
E atrás das montanhas
Impassível se curva
E se ajoelha à beira da terra
Beija o triângulo de luzes e festeja
Cores de corais imensos,
E inventa na terra sombras que encobrem fronteiras
E outras mensagens em fímbrias de luz escritas.

Já é tempo.
E o tempo urge e ruge sua própria passagem.

As idades das nossas idades aconteceram
Agulhas em cruzada nos ponteiros do relógio
À hora marcada
-Quer estivéssemos lá ou não-
Aconteceu.

E isso foi o bastante
Curvas de um delicado canal que leva a uma caverna sem saída
E trompas anunciando colóquios que ecoam a voz de Babel.

É como descobrir a obviedade das coisas:
Ninguém, mas ninguém mesmo,
Pode mudar a direção do vento.

E caminhar, que só há um único jeito:
Se equilibrar sobre um par de pernas
E para andar, movê-las.

Há tanta coisa por se resolver ainda:
As geleiras se derretendo em minha geladeira
Os ventos do norte de espora e chicote no galope
As folhagens do Oriente e do Ocidente caindo
De um lado o morrer  e renascer no outro,
Enfim e para o fim
O que vivemos
Movemos
Viajamos juntos
Da parcela do tempo e espaço foi um pedaço
Um pequeno e bom pedaço
E está bom assim.

Eu fico com o que há de melhor no que aconteceu
E levas de alguma coisa o melhor do acontecido.
Acho que isso é amor.

E quando aconteceu
Eu sabia que estava acontecendo,
Tão belo era.


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