DUAS
Hoje acordei mais espantada que outros dias.
Abri os olhos, pensei você.
Ao olhar-me no espelho vi que era eu
Mas não pude, noturna bruma, reconhecer-me.
Lembro que tinha um rosto
Que era aquele mesmo refletido
Ainda que outra noutro espelho
E tinha o que se chama liberdade
E tinha o que se chama identidade;
Mas agora o meu nome é outro
E outra a agora minha confusa razão.
Razão que me diz
Pensar você é recaída
Estranho prazer do abismo:
Ao mesmo tempo que quero te ver
Quero em mim te refazer-me e reconstruir.
Tornar-te o que em mim não foste.
Ganhar um rosto que em ti seja meu
Que só será meu um rosto
Que nele eu mesma me reconheça.
1/1/11 (f)
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