sexta-feira, 1 de março de 2013


CADÁVER

Pensar você agora
É como um domingo que se escorre lento
Lancinante na tarde de coração frio
As paredes da casa mortiças, incertas
Nebulosas que se acendem e apagam. 

É assim que te penso agora,
Atônita diante do que és capaz
Pois que sabes
Detonaste o alento de vida e paz,
Já não sabes mais o que és
E menos ainda quem és:
Não sabes mais o que fazes.

Ainda que penses ter um nome,
O perdeste tornando pedra em fumaça ,
Identidade retratada num cadavérico retrato.

É como te penso agora,
Uma tarde de domingo nua entre quatro paredes
Dentro e fora tão confusa
Sentada de quina no muro da calçada,
Vendo no vento passar a vida lambendo uma seda,
Assim te vejo agora
A fresta de luz da janela corte na veia
Lâmina de gilette tua carne em posta e sangue
O repicar dos sinos na igreja batendo dentro da tua cabeça
A mesa posta
A colher caída ao chão
Vacilo no cochilo caiu a casa e o cachimbo,
Rebelde sem causa lesada sem caminho nem direção.


11 de janeiro de 2011 

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