quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013


GAVETA

Ainda guardo em meu caderno,
Dos teus mamilos a geografia imprecisa,
A escrita de tua voz tão doce e brilhante
Em cascata sobre minha pele se derramando,
Ainda guardo entre as folhas do meu caderno
Os versos tão transversos que te escrevi,
Os desenhos que te desenhei,
Teus lábios pétalas girando
O círculo das retinas de teus olhos molhados,
Mistura de mel com amarelo miscigenado.

Ainda guardo em meu caderno tantas carências
Beijos, abraços por serem dados,
Os que te dei
De todos que dei
Os melhores que foram dados,
Íntimos desejos revelados,
Portas abertas, janelas de alvorada,
Um conhecer o outro como se o outro fosse si mesmo,
Tatuagem, vício, condenação, entrega,
E esses sinais guardados no meu caderno,
Tua imagem tão precisa e nítida,
Preciso e precioso cravo cravado no acervo da minha memória.

Ainda guardo no meu caderno,
Guardado entre rosas vernelhas,
Bordadas entre as pernas do tempo o teu cheiro,
E esse teu gosto de viver tão claro e lúcido,
Tu que és, ainda que ausente,
A luz dos meus escuros dias.

Entre folhas de caderno
Papel de carne e sangue,
É onde te guardo, meu coração.

17 de agoato de 2011

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