Acendo o fósforo
Nele queimo a erva das minhas visões entorpecidas
Anúncios coloridos nos jornais revistas internet e tevê
A qualquer preço o sistema querendo comprar minha alma
Essa diletante e dúbia e dilacerante incerteza
A cada dia em mim o sobrepeso
E nela me destruo
E dela me alimento
Essa alma que se desmancha em líquens e fluídos
Entre meus dedos e mãos indicando códigos
Soprando caminhos
Ventos áridos
Ventos doces
Tempestades trovões relâmpagos
Afagos elétricos lambendo cristais
Pedras camas casas
A terra inteira eletrificada
Dentro desta alma cantora
Vozes e poemas que exaltam e sussurram verbos
Indomados versos embalados em papel de nuvens
Passageiras luas em fases recortadas
Na face do céu enegrecido
Com suas noites negras fantásticas
Em veludo e seda vestidas
A boca semeada de fósforos acesos
Olhos molhados em paisagens multi-uni
Versos espalhados entre incontáveis cabeças de fósforo acesas.
Risco outro palito de fósforo;
Acendo sombras negras, sopro-o, e penso:
-Se alguém disse "faça-se a luz"
É porque alguém antes ordenou: "Faça-se a escuridão".
8.7.2010**
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