quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013


FONTE

Quando conheci a vaidade
Eu era jovem,
Tão jovem quantos os brotos que não vingaram ainda,
Jovem, como uma folha que ainda não caiu,
Fruto por amadurecer.

Parecia estar em mim me sabendo distante
E ao correr dos dias me percebi assim
Meio dia de um dia qualquer instante,
Dia-após-dia imperiosa a hierarquia chama:
Todo vós! Está na hora, vamos entrar!

Obediente e lépido contente  tropeçando números 
Vias secretas, códigos mensagens mal direcionadas
Aí me percebo, parte partícula particular entidade
Belo ou feio me vejo,
Vai da hora ou do dia,
Cada tecla apertada a realidade do que vivo,
O momento virtual re-configurando  minha vida.

Eu entre legiões de seres igual a eu
A senha tão sofregamente digitada
Palavras  letras contas cartas contos mal contados.

E em minha mente vão se imprimindo os símbolos
Curvas e desvãos entre salas com as portas abertas
Outras soturnamente de luz cortejando sombras,
E portas fechadas nas alas fechadas da rede,
Os peixes no mar morrendo da angústia bebida na incerteza,
De nuvens ensombradas se cobrindo o chão das minhas dúvidas.

E em cada página o fragmento desfigurado
Parte do que não conheço,
O acaso ao acaso encontrado,
Esperar que talvez virá para ver chegar no vento
-Quem sabe?
Um sinal qualquer que me assinale,
O espelho em reflexo  na curvatura da vaidade,
As teclas do coração batendo com insistência uma solicitação.

Beco corredor estrada seja o que for
Folha por folha desmembrada,
No céu da boca objetos de lúmens pregados,
Fótons coloridos ofuscando retinas,
Imagens que eu não vi nem pensei ver ou pensar,
E que só as vejo agora, bem e mal,
Porque só agora nelas existo,
Realidade fugaz fuga geográfica virtual,
Os dois lados do espelho um no outro partido.

Célula de ossos carne veias túneis
Artérias de barro de onde brotam o sangue que se esvai,
Gota a gota aguda lança, 
Saltando de janela em janela
Até que me veja fardado
E todo coberto e vestido
Em ornamentos minha própria fantasia vestida de um varal de vaidades.

E já cansado de me ver a mim mesmo na tela de uma falsa luz,
Fartado e ausente me deito na soleira para acordar da vida minha solidão.

7/7/2011



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